LIÇÃO 08 - FILADÉLFIA, A IGREJA DO AMOR PERFEITO
INTRODUÇÃO
Dentre
as sete igrejas, endereçadas nos capítulos segundo e terceiro do Apocalipse,
somente as de Esmirna e Filadélfia não recebem nenhuma palavra de repreensão,
mas de advertência. Apesar de que a questão da “pouca força” parece ser uma
reprimenda suave, contanto que compreendamos isto como força espiritual, e não
como a inutilidade da igreja diante do mundo. A despeito dessa advertência
gentil, o caráter desta igreja está muito acima do da maioria das outras
igrejas, pois o que é dito muito provavelmente se aplica a um remanescente
dentro da igreja de Filadélfia, e não aquela igreja inteira. Esta
igreja podia ter pouca força, mas era muito fiel(CHAMPLIN,
2002, p. 421 grifo nosso).
I
- IMPORTANTES INFORMAÇÕES SOBRE A CIDADE
1.1
Nome. A cidade de
Filadélfia gozava de uma localização estratégica de acesso entre os países
antigos de Frígia, Lídia e Mísia. Foi fundada pelo rei de Pérgamo Átalo II, que
no segundo século a.C. Diz a história que ele amava tanto a seu irmão Eumenes
que apelidou-o de “philadelphos” (o que ama a seu irmão).
Ele foi conhecido por sua lealdade, dando assim origem ao nome da cidade
(Filadélfia que significa “amor fraternal” ou “amor de irmão”). Nos tempos do
NT Filadélfia era a segunda cidade mais importante de Lídia. Filadélfia estava perto
do limiar de um trecho fértil da região do planalto, o que lhe dava grande
parte de sua prosperidade. (CHAMPLIN, 2004, pp. 727-728 - grifo nosso).
1.2
Localização Geográfica. Filadélfia era uma
cidade da província romana da Ásia Menor. A cidade era chamada “a porta do
Oriente”. A cidade servia como base para a divulgação do helenismo (cultura
grega) às regiões de Lídia e Frígia. Localizava-se num vale no caminho entre
Pérgamo e Laodiceia. Filadélfia foi destruída por um terremoto em 17 d.C. e
reconstruída pelo imperador Tibério, e depois de ser reconstruída, foi chamada
de Neocesaréia (a nova cidade de César).
Durante o reinado de Vespasiano, foi também chamada de Flávia (nome da mulher
dele, e a forma feminina de um dos nomes dele). Atualmente, a cidade de
Alasehir (na atual Turquia) fica no mesmo lugar, construída sobre as ruínas da
antiga Filadélfia (CHAMPLIN, 2004, pp. 727-728 grifo nosso).
1.3
Religião. “A região produzia
uvas, e o povo especialmente honrava a Dionísio, o deus grego do vinho. Também era
chamada de pequena Atenas, por ter muitos templos dedicados aos deuses” (LOPES,
2006, p. 6). Como quase todas as cidades do império, Filadélfia cultuava o
imperador e praticava o paganismo romano. Além disso, possuía grandes templos e
muitas festas religiosas, seguindo os rituais pagãos.
II
- CARACTERÍSTICAS DA IGREJA DE FILADÉLFIA
O Senhor
Jesus introduz a carta falando de seus atributos como santidade e verdade (Ap
3.7-a) e aindan acrescenta ser o possuidor da chave de Davi, “que
abre e ninguém fecha e fecha e ninguém abre” (Ap 3.7-b). Esta
expressão está em linha com (Is 22.22-25), que nos mostra o senhorio absoluto
de Cristo sobre a terra e, especialmente, sobre a Igreja. (Mt 28:18). Após
identificar-se, o Senhor relata algumas características dos crentes de
Filadélfia. Vejamos quais são:
2.1
Ap. 3.8-a “Conheço as tuas obras…”. Percebe-se que não
somente a cidade, mas a própria igreja destacava-se por seu amor - a primeira
virtude desta igreja. Que se expressa em primeiro lugar, em obediência implícita
aos Seus Mandamentos (Jo 14:15,21,23; 15:10; I Jo 2:5) e o amor fraternal
(entre irmãos), que representa mais intimamente “afeto terno” (I Co16.22; Jo
21.15-17);
2.2
Ap. 3.8-b “… guardaste a minha palavra…”. Destaca-se aqui a
segunda virtude desta igreja: fidelidade. Aurélio diz que fiel é a pessoa que é
leal, honrado, íntegro. Depois do amor é a principal característica de um
verdadeiro servo de Deus. Afinal de contas, ele preza pela fidelidade dos seus
servos (Nm 12.7; I Sm 12.24; I Co 4.2);
2.3
Ap. 3.8-b “…e não negaste o meu nome…”. Isto indica que os
cristãos mesmo debaixo das mais ferozes perseguições confessavam com
firmeza sua fé e testemunho de que serviam a Cristo. E procedendo assim, esses
fiéis seriam recompensados “Portanto, qualquer que me confessar
diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.” (Mt 10.32).
III
- AS DIFICULDADES DA IGREJA DE FILADÉLFIA
3.1
Ap. 3.8-c “… tendo pouca força”. A pouca força deve
referir-se à pequenez da congregação ou à sua falta de recursos. A sua
fortaleza é afirmada no fato de que eles guardavam ou observavam a Palavra.
3.2
Ap. 3.9-a”…Sinagoga de Satanás”. A presente
expressão, ocorre aqui e em Ap. 2.9 nas igrejas de Esmirna e Filadélfia
respectivamente. Nas igrejas de Esmirna e Filadélfia, os gnósticos tinham
fundado duas sinagogas, no dizer dos tais gnósticos estas sinagogas eram o
“lugar” do auge, de todo o saber (deles). Os que “se
dizem judeus” fala
de certos opositores que estavam naquela igreja, mas eram enganadores que
ensinavam o povo a praticarem abominações contra o Senhor. Diante dos olhos
divinos, elas foram e são classificadas: “de sinagogas de Satanás” (Ap. 2.9; Ap.3.9). “Os
chefes gnósticos, segundo se diz, degradavam a pessoa de Cristo e sua missão;
negavam também a possibilidade da encarnação do Verbo, Jesus, o filho eterno
(Jo 1.14); e negavam a expiação pelo sangue de Cristo. (SILVA, 1996, p. 32
grifo nosso).
IV
- IMPORTANTES INFORMAÇÕES SOBRE CARTA
4.1
Ap. 3.8-a “…uma porta aberta”. A porta aberta pode
ser a oportunidade missionária peculiar a Filadélfia, na fronteira da Frígia.
Literalmente falando, “a porta aberta diante” da igreja de Filadélfia,
aponta para sua posição geográfica na rota que ligava Jerusalém a capital do
império, Roma. Profeticamente, porém, refere-se à era missionária da Igreja,
que começou nos fins do século XVIII e que chega até nossos próprios dias.
“Todos os viajantes vindos de Roma e todos os de Esmirna que se dirigiam ao
coração da Ásia Menor passavam em Filadélfia. A passagem quase obrigatória
desses viajantes por Filadélfia representava, para a igreja, uma “porta
aberta diante de ti“, para evangelização e testemunho. Por ela,
podiam ser alcançados até viajantes de longínquas regiões e cidades…” (SILVA,
1996, p. 32).
4.2
Ap. 3.10-b “te guardarei da hora da tentação”. O termo “guardar”
deriva-se do grego: “psilaké”. Os discípulos em
Filadélfia seriam guardados dum período de provação que afligiria o mundo. Isto
pode ser uma menção à perseguição que começou no reinado de Domiciano e que
causou terrível sofrimento e a morte de centenas de milhares de pessoas. Esta
expressão é geralmente tomada como uma promessa que a igreja fiel não passará
pela Tribulação, sendo antes arrebatada. A referência neste versículo sobre a “hora
da tentação”, é um termo técnico para descrever o período
futuro e sombrio da Grande Tribulação, e na sua fase final. “eu
te guardarei da hora DA tentação” indicam que a Igreja não
passará pela Grande Tribulação que perdurará sete anos (1Ts 4.13-17). A palavra “DA” significa“para fora de” e em si traz a ideia de
ser guardado da tribulação (não meramente conservado através
dela, como alguns asseveram).
V
- EXORTAÇÕES E PROMESSAS FINAIS
Percebemos
que apesar de não constar nenhuma repreensão na carta endereçada a fiel igreja
de Filadélfia, temos uma frase de exortação, que tem por objetivo avisar aquela
igreja de pelo menos três coisas:
5.1
Ap 3.10-a “Eis que venho sem demora…”. A palavra “demora”
no grego“okneõ” significa “ser vagaroso,
tardar”. Logo a presente expressão é uma exortação a todos os cristãos para
aguardar a volta do Senhor, sem esmorecer, pois seu retorno é iminente (está
prestes a acontecer). Quando não sabemos, mas temos certeza que ocorrerá (1Ts
4.13-18).
5.2
Ap 3.10-b “…guarda o que tens…”. A verbo “guardar”
no grego “phulassõ”significa: vigiar,
conservar, manter. Jesus queria deixar claro que apesar de os cristãos desta
igreja estarem bem espiritualmente, deveriam permanecer assim até o seu retorno. Logo
fica descartada a ideia de que “uma vez salvo, salvo para sempre”,
pois aquele que perseverar até o fim será salvo (Mt 24.13). Na verdade, aqueles
cristãos deveriam manter o amor, e a fidelidade a Deus virtudes estas
destacadas pelo Senhor na carta (Ap 3.8).
5.3
Ap. 3.10-c “…para que ninguém tome a tua coroa”. Segundo a história
grega, na Grécia antiga, em Olímpia, de quatro em quatro anos, se realizavam os
jogos olímpicos desde o ano 776 a.C. Aos vencedores se outorgava uma coroa - a
coroa da vitória - formada de folhas de Oliveira entrelaçadas. Paulo se serve
frequentemente de figuras dessas competições, por conhecer a Grécia (At 17.15;
18.5), por certo, devia estar familiarizado com elas. Em (2Tm 2.5, 4.7-8),
lemos: “…se alguém milita, não é coroado se
não militar legitimamente”.
5.4
Ap. 3.12 “…coluna no Templo do meu Deus”. A Igreja do Senhor,
já na presente dispensação é a “Coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15b), e o que ela
representa na atualidade, será, sem dúvida alguma na eternidade. Claro está,
que “coluna no templo” é também uma figura de linguagem, significa que os
crentes de Filadélfia (e a Igreja Universal) haveriam de estar sempre na
presença de Deus, pois Ele mesmo é o Templo da Jerusalém Celeste (Ap 21.22). O
terremoto do ano 17. d.C., que destruiu Sardes, também atingiu Filadélfia e as
colunas de Filadélfia racharam e caíram, mas as colunas no verdadeiro templo de
Deus jamais seriam destruídas “Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no
santuário do meu Deus, e daí jamais sairá…”.
CONCLUSÃO
A igreja
de Filadélfia não transigiu nem cedeu às pressões. Ela preferiu ser “pequena” e
fiel a ser “grande” e mundana. Como identificar uma igreja fiel? Certamente
Jesus julga por critério diferente do nosso. Ele pode ver uma igreja “pobre” ou
“fraca” como uma congregação fiel, dedicada e perseverante. Ao invés de tentar
impressionar os homens, devemos nos dedicar ao desenvolvimento do caráter que
agrada a Deus como fez a igreja de Filadélfia.

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